Quando me ponho a pensar que se calhar este mundo não é o único chego a acreditar que José Sócrates Pinto de Sousa é a reencarnação de António Bernardo da Costa Cabral. As mesmas origens provincianas e humildes; a mesma chegada à capital com os bolsos vazios e a ambição cheia; o mesmo deslumbramento com o poder; o mesmo percurso da ideologia progressista para a direita do dinheiro; o mesmo enriquecimento nebuloso e de dúbias origens; o dandismo novo-rico; o escândalo da caleche e o imbróglio do Freeport; o palácio da Calçada da Estrela e o apartamento de luxo na Braamcamp; o exílio em Madrid e a retirada para Paris; a mesma corte de fiéis dedicados até ao fanatismo; a mesma cegueira política que não os deixa ver os factos concretos e os empurra para um voluntarismo desligado da realidade.
Faltou a José Sócrates uma Monarquia e uma Rainha que o nobilitasse e ainda não começou (mas é capaz de lá chegar) a carreira diplomática que preencheu a parte final de vida do Conde de Tomar. Quanto à guerra civil da Patuleia, até agora escapou-lhe, mas se teimar em voltar à política activa não está livre de se meter em apuros. De guerras civis é provável que não sofra, que estão caríssimas e mal vistas na União Europeia. Mas um tumulto que lhe arrase a casa pode muito bem sair-lhe em sorte…CostaCabral tentou o Poder de novo depois da primeira queda – e a coisa não correu bem… Voltou a cair, com estrondo e escândalo e teve de esperar depois com muita paciência que a Regeneração se estabilizasse até poder aparecer como embaixador, primeiro no Brasil, depois em Roma. A pertença à Maçonaria ajudou mas o tempo é que é o grande apagador de memória. Sócrates faria bem em ler com atenção a biografia de António Bernardo da Costa Cabral, 1º Conde e 1º Marquês de Tomar…